quinta-feira, 19 de junho de 2014

#Liceu60Anos - Entrevistas com Ex-Diretores: Professor Roberto Francisco

Durante o final do primeiro semestre de 2013 e início do segundo, uma equipe de alunos supervisionada pela professora de História e Geografia, Christina Pires, foi atrás de ex-diretores do Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio para entrevistá-los, com o intuito de passar aos alunos um pouco da história de nossa escola.

Wellington Daniel (em 2013, na turma 811 e atualmente na turma 910), Caroline Abranches (em 2013, 809, atualmente, 908), Karoline Stadler (811/910), Marcelo Basílio (910 /1001), Monique Santos (911/ex-aluna) e Yago Salustiano (811/910) foram atrás de ex-diretores e, em caso de falecimento, atrás de parentes, para reunir o máximo de informações que conseguissem.

E a partir de hoje, você confere o resultado de todo esse trabalho. Conheça mais sobre o Liceu nestes 60 anos em nossa série de entrevistas. Acompanhe agora a entrevista com o professor Roberto Francisco, um dos pioneiros, que também conta um pouco sobre o início do Liceu. A entrevista com ele foi uma das mais extensas e emocionantes, que ficou marcada pela grande emoção que o professor sentiu ao lembrar de sua época no Liceu.

"Eu tenho um carinho muito especial pelo Liceu e peço à vocês que também tenham." - professor Roberto Francisco



"Antigamente, as escolas do município só iam até a antiga quarta série primária. O que viria a mudar quando o senhor Cordolino Ambrósio se elegeu prefeito, por volta de 1958 (este não era um homem com grandes estudos, um comerciante muito aplicado, muito trabalhador, mineiro, etc). Eu tinha me casado, minha mulher já havia encomendado o primeiro neném lá de casa, porque depois vieram mais seis e havia no Valparaíso um colégio chamado *Arb Strong que era um colégio de ingleses, ficava ali na Visconde do Uruguai, atrás da Beneficência Portuguesa e de repente, o diretor daquela escola onde eu trabalhava, ganhava também para poder manter minha família, fechou a escola. E eu, com uma mulher grávida, desempregada, não totalmente porque eu já dava aula no WERNECK e o doutor Thomaz Nunes da Fonseca, que era o secretário de educação e o chefe do ensino, era o professor Décio Ennes, me convidaram para vir trabalhar com turmas preparatórias ao ginásio. E eles me chamaram e lá fui eu! Fui trabalhar lá na Floriano Peixoto onde havia antigamente o Liceu de Artes e Ofícios. A primeira turma nossa tinha 30 e poucos alunos, alguns deles até depois foram funcionários e professores do Liceu. Então, nós preparamos cerca de 40 alunos, eles entraram no exame do CENIP, porque o CENIP pegava a nota dos alunos do município. O indivíduo que era bom aluno, era encaminhando para o curso de admissão, passava no exame e era aluno do CENIP. Na época, o CENIP era Ginásio Estadual Washington Luiz. A primeira turma que preparamos, de 40, 38 alunos passaram. Então, aquilo correu nas escolas da prefeitura, no segundo ano nós tínhamos nove turmas de alunos do admissão. E o Décio e o doutor Thomaz, que eram muito amigos meus, me gozaram: 'Oh Roberto, você vai ser diretor do C.A, (diretor do Curso de Admissão) porque serão nove turmas lá...' (risos) Aí eu respondi: 'Ah bobagem! Eu gosto de dar aula e faço questão de manter pelo menos uma turma e ganhar minha gratificação de diretor, porque eu precisava, já que meu filho estava nascendo...' (risos) E aí, um dia, o sr. Cordolino foi visitar o curso com, 9 turmas, 360 alunos e eu o interroguei por que a prefeitura não criava um Ginásio dela e ele respondeu: "Não, eu já estou providenciando isso. O ministro Simões Filho é o ministro da educação, eu já conversei com ele e ele me dará uma verba para construir o ginásio municipal." Então, o governo do sr. Cordolino construiu esse prédio aqui e o Liceu de Artes e Ofícios que funcionava na rua Floriano Peixoto se transferiu para cá. Eu cheguei a lecionar uns dois anos aqui, no início do Liceu, depois fiz uma bobagem, porque eu já era professor do colégio estadual e eles me ofereceram uma dupla matrícula. Eu preferi a dupla matrícula lá e deixei o Liceu, não continuei no Liceu. E hoje o professor do Liceu ganha bem melhor do que o colégio estadual! Não ganha tão BEM assim não, mas ganha bem melhor que o colégio estadual. Então, eu dei uma mancada, escolhi aquele que ficou mais barato para o Estado. Mas enfim, o Liceu foi construído, veio logo uma equipe boa de professores, porque o Décio Ennes (um grande literato, professor de português e literatura) cuidou do Liceu com muito carinho e foi o primeiro diretor do Liceu e eu a essas alturas já estava saindo daqui. Lecionava no WERNECK e lecionava no estado e me desliguei um pouco do Liceu. Mas quando eu estive aqui como diretor, anos mais tarde, nós tivemos a oportunidade de criar a banda. Eu conclui a criação da banda, porque quem assumiu a direção da escola foi o professor Carlos Rebollo, era muito rigoroso, um homem muito disciplinador, às vezes, até excessivamente disciplinador e ele foi convidado a ser diretor pelo Caldara e não se deu bem no governo do Caldara e o Caldara que era meu amigo me convidou para ser diretor do Liceu. E o secretário de educação, Gil Mendes, grande professor de história, que foi meu sócio no EPA, que hoje é o Campus II do Liceu. Fizemos a banda, criamos o jogo de xadrez, colocamos judô, instalamos a cadeira de dentista... Essa é a minha ligação com o Liceu Municipal Prefeito Cordolino Ambrósio!"

Interrogado se gostaria de voltar a direção, o professor respondeu: "Eu não gostaria porque eu já não tenho mais preparo físico pra isso. Subir essas escadas eu não aguentaria, já tenho 83 anos. E estamos muito bem com a turma nova, sangue quente, sangue novo... É uma beleza!"

O professor terminou, emocionado, deixando um recado para os alunos e para a juventude de hoje: "Prestigie sua família, respeite seus maiores, respeite suas autoridades, mesmo aquelas que a gente acha que não devam merecer tanto respeito, mas a autoridade do indivíduo merece esse respeito. Seus mestres, colaborem com eles, se interessem por andar mais passos adiante. Eu tenho um carinho muito especial pelo Liceu e peço à vocês que também tenham. Amem a sua escola!"

2 comentários:

Onde acho o professor Roberto Francisco, fui seu aluno em 74 no EPA que saudades.

Infelizmente, com muita tristeza, estou recebendo a notícia do falecimento do meu eterno diretor de turno, no cenip. Querido professor Roberto. Me tratava de: dona Respeita. Eu tinha uns 15 anos. Mui

Postar um comentário